segunda-feira, 29 de outubro de 2007

Baile funk domina a balada da Zona Leste paulistana

Funkeiros e equipes de som do Rio lotam casas noturnas em bairros como Itaquera.
Freqüentadora diz que funkeiras de São Paulo são mais comportadas que as cariocas.
Dolores Orosco Do G1, em São Paulo entre em contato
ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
Foto: Flavio Moraes/G1
Flavio Moraes/G1
Karen e Rita foram ao baile da Nação Tan Tan (Foto: Flavio Moraes/G1)

Depois de dominar redutos de “playboys” da Vila Olímpia, de Pinheiros e do Itaim, a trajetória paulistana do funk carioca finalmente reencontra suas origens: os braços – e os “popozões” – do povo. Em bairros periféricos da zona leste de São Paulo, como Itaquera, Jardim Aricanduva e Cidade Tiradentes, o pancadão encontrou terreno fértil e uma legião animada de baladeiros que viram suas tradicionais noites de pagode serem convertidas em bailes funk.

Foi o que aconteceu no clube Nação Tan Tan, em Itaquera. Se num passado recente a casa costumava dedicar sua programação ao pagode e à dance music comercial, hoje o lugar promove os mais concorridos bailes funk da “Zolé” (modo como os freqüentadores se referem à Zona Leste da capital).

Nas madrugadas de quinta-feira e sábado, funkeiros como o Mr. Catra e equipes de som do Rio marcam presença no local. E quando essa turma sobe ao palco é certeza de casa cheia. No caso da Nação Tan Tan, são 8 mil festeiros rebolando até o chão.


Já foi a algum baile funk em SP? Escreva um relato e envie fotos ao VC no G1


“Na ‘Zolé’ sempre tiveram uns salões pequenos que tocavam funk carioca. Só há pouco tempo é que as casas de show descobriram o potencial do pancadão aqui na área e começaram a trazer os MCs do Rio”, garante o DJ Fabrício Souza dos Santos, de 23 anos, fã do funkeiro Mr. Catra.


Foto: Flavio Moraes/G1
Flavio Moraes/G1
Baile da Nação Tan-Tan, em Itaquera, São Paulo (Foto: Flavio Moraes/G1)

Fabrício, que freqüenta outros bailes da zona leste paulistana como o do Expresso Brasil, no Jardim Aricanduva e o da Cohab da Cidade Tirandentes, define seu estilo como “mano”. “Gosto de calça larga e bermudão, camiseta de time de basquete, boné e colar de corrente”, explica o DJ, cujo visual descrito é praticamente o uniforme dos outros rapazes que vão ao baile.

Os meninos, aliás, são maioria nos bailões da “Zolé”, embora a administração das casas procure fazer de tudo para mudar esse quadro. A Nação Tan Tan, por exemplo, cobra das garotas metade do preço do ingresso (que custa R$ 20 na porta). Já no Expresso Brasil, as meninas não pagam até meia-noite.

“Não adianta. Quando é noite de mulher ‘free’ aí é que os ‘cuecas’ vêm em peso atrás da mulherada”, diz o estudante Rubens Lajolo, de 22. No entanto, ainda que meio constrangido, o rapaz admite que é da turma que vai ao baile funk em busca da paquera. “Quando rola o batidão as meninas rebolam, ficam se insinuando. Fica bem mais fácil chegar junto e ir beijando na boca”.


“A gente usa calcinha”

Foto: Flavio Moraes/G1
Flavio Moraes/G1
As amigas Jaqueline, Priscila e Joice (Foto: Flavio Moraes/G1)

Sete tatuagens espalhadas pelo corpo malhado, boné na cabeça e vestida num macaquinho branco que arrancava olhares lascivos dos meninos do baile, a loira Rita de Cássia Gomes, de 19, garante que há uma diferença entre os bailes cariocas e os da Zona Leste paulistana. Para a moça, que foi conferir a gravação do DVD “Furacão 2000 Tsunami 2” na Nação Tan Tan, as funkeiras da “Zolé” são mais comportadas que as cariocas.

“A gente usa calcinha. Elas, não”, garante a loira. De tão comportadas, Rita e a amiga Karen Mostarda, de 21, preferem não se jogar na pista de dança, “para se preservar”. “A música fala de sacanagem o tempo inteiro e a gente acaba dançando de um jeito sensual. Sempre vem um engraçadinho querendo passar a mão”, afirma Karen, que é fã do funkeiro Mr. Catra e do grupo Gaiola das Popozudas.

A saída para essas meninas é pagar R$ 10 pela pulseirinha vip, que dá direito a circular pelos camarotes. Por lá são servidas garrafas de vodka e uísque mergulhados em gelo dentro de baldes coloridos de limpeza.

Grande parte dos freqüentadores dos bailes funk na “Zolé” nunca foi a um legítimo pancadão num morro carioca. Mas imaginam que no bairro em que moram as festas são mais seguras.

“Aqui é diferente. Não tem traficante circulando com fuzil no meio da galera”, opina a estudante Kassyla Dias Silveira, de 18 anos. Moradora do bairro Parque São Lucas, a estudante explica que nunca foi a um baile funk no Rio, mas viu a cena no filme “Tropa de elite”.


Injeção de lenda urbana

Foto: Flavio Moraes/G1
Flavio Moraes/G1
O motoboy Joaldo de Souza e a namorada, a estudante Rosélia da Silva, já ouviram falar da lenda da seringa (Foto: Flavio Moraes/G1)

Os freqüentadores dos bailes da Zona Leste paulistana dizem se sentir livres em relação a traficantes armados, mas um fantasma assombra esses funkeiros: a “injeção da Aids”.

“Uns idiotas trazem seringas para espetar as pessoas na pista. Dá um medo enorme de a agulha estar contaminada”, diz a estudante Jaqueline Costa Lima, de 18.

Quem também já ouviu falar da história foi o motoboy Joaldo de Souza, de 23, e a namorada, a estudante Rosélia da Silva, de 18. No entanto, a dupla acredita que a história da “injeção da Aids” é lenda urbana.

“Pode reparar: todo mundo que freqüenta o baile já ouviu falar dessa história, mas ninguém conhece uma vítima da espetada da seringa”, diz Joaldo.

Para Rosélia, o boato foi espalhado pelos donos das casas noturnas, devido a forte concorrência entre os bailes da Zona Leste. “Isso é para afastar cliente da balada. Aqui na região agora tem muito baile”, diz a estudante.

Ao que tudo indica, a história tem mesmo contornos de ficção. Os organizadores dos bailes afirmam que não têm conhecimento do problema e nas delegacias da região nunca foi registrada uma ocorrência do gênero.

Lenda urbana ou não, a história não deixa de ser “sinistra”, como diriam os funkeiros cariocas.

  • wagner |29/10/200715h00

    Eu particularmente não gosto de funk,mas temos que respeitar o gosto das outras pessoas.Pois cada lugar tem sua cultura e não podemos forçalos a gostar de outra.
    Só não podemos aceitar que usem a musíca para incentivar o uso de drogas e a prostituição,seja ela no Funk ou qualquer ritimo musical.

  • kassy|29/10/200714h58

    Funk é nojento...é iguala apagode..axé e sertanejo!!! isso nao é cultura.
    Mais fazer o que: Pais aonde roubar virou cultura..só poderia ter esse tipo de musica!

  • Paula Rodrigues|29/10/200714h56

    O fank é ridículo, só para as pessoas de baixo nível que gosta, letras absurdas e sem sentido que as meninas ficam dançando ´sem vergonha´ seja em São Paulo ou no Rio é tudo a mesma merda! No Rio ainda é pior pois as pessoas tem menos noção dos trajes sem calcinha...

Nenhum comentário: