terça-feira, 30 de outubro de 2007

Rebouças: briga entre prefeitura e Cedae vai parar na Justiça
Cedae vai processar secretário por causa de declarações feitas à imprensa.
Cano rachado foi encontrado no local do deslizamento.
Dório Victor Do G1, no Rio entre em contato
ALTERA O
TAMANHO DA LETRA
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Foto: Prefeitura do Rio
Prefeitura do Rio
Técnicos encontraram tubulação de água de seis polegadas com vazamento (Foto: Prefeitura do Rio)

A briga entre a Companhia Estadual de Águas e Esgotos do Rio (Cedae) e a Secretaria municipal de Obras por causa do deslizamento de terra no túnel Rebouças foi parar na Justiça.



Nesta terça-feira (30), o coordenador jurídico da Cedae, o procurador Leonardo Espíndola, informou que vai entrar com uma ação judicial no Fórum do Rio contra o secretário municipal de Obras, Eider Dantas.

O motivo, segundo informou a assessoria da companhia, foram as declarações feitas pelo secretário, que afirmou que os canos rachados encontrados nas encostas do túnel foram os responsáveis pelo acidente. Na ação, a Cedae solicita a execução de uma perícia técnica independente.



Os canos rachados foram encontrados por técnicos da Secretaria de Obras no domingo (28) no local do deslizamento da encosta do túnel Rebouças.

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Em nota divulgada à imprensa, a companhia classifica as declarações do secretário como “intempestivas, sem embasamento técnico, que provocaram danos à imagem da Cedae”. A nota informa também que toda a indenização obtida com a ação será doada para projetos sociais no morro do Cerro-Corá.

A Cedae informou também que fará uma representação ao Ministério Público, solicitando a apuração das causas do acidente. Também será feita uma representação ao Conselho Regional de Engenharia e Arquitetura do Rio (Crea-RJ), pedindo a apuração das causas e o possível exercício irregular da profissão.

O secretário municipal de Obras, Eider Dantas, foi procurado pelo G1 através de sua assessoria de imprensa mas ainda não se pronunciou sobre a ação judicial.

Cano rachado

Na segunda-feira, o secretário municipal de Obras do Rio, Eider Dantas, informou à imprensa que técnicos da prefeitura encontraram uma tubulação de água de seis polegadas com um vazamento grande, que seria a causa do deslizamento.



Segundo Eider, a tubulação, que foi encontrada no domingo, levava água para cima do morro Cerro-Corá, o que necessariamente precisa ter muita pressão. Segundo o site da Prefeitura do Rio, a revelação está num relatório da GEO-Rio (Fundação Instituto de Geotécnica do Município do RJ) que vai apontar as causas do desmoronamento.



"Tínhamos certeza de que havia um vazamento. Pedimos ajuda à Cedae (Companhia Estadual de Águas e Esgotos) há seis dias e só ontem, domingo, é que o furo, de 150 milímetros, foi consertado. Assim, podemos trabalhar melhor", afirmou Eider Dantas.


Cedae rebate e ataca

Quanto as declarações do secretário na segunda-feira, a assessoria de imprensa da Cedae informou na ocasião que o cano mais próximo que apresentou vazamento fica a cerca de um quilômetro do local do desmoronamento.



Ainda de acordo com a assessoria, o abastecimento daquela área foi interrompido no dia do acidente, portanto a água que continuou a cair por alguns dias durante o trabalho de limpeza não poderia ser da Cedae.



A companhia informa ainda que, se houvesse um vazamento, as calhas da prefeitura deveriam ser suficientes para absorver a água extra. A drenagem de encostas é de responsabilidade da prefeitura, afirmou a assessoria da companhia.



A assessoria disse também que as causas do desabamento seriam o crescimento desordenado da comunidade próxima ao local do acidente e problemas com a rede fluvial que, segundo a Cedae, não funcionou direito.


Outra tubulação encontrada

Uma outra tubulação de duas polegadas foi encontrada no domingo, mas segundo a Secretaria, ela já não era mais utilizada. Técnicos da Cedae identificaram os problemas e já consertaram o vazamento.



A Cedae informou que os próprios técnicos da empresa haviam contado aos técnicos da prefeitura sobre a tubulação encontrada, e que o vazamento corresponde a um tubo de meia polegada - o que seria equivalente a aproximadamente um centímetro. Segundo a Cedae, um vazamento desse porte não seria capaz de causar um desmoronamento.

Segundo a Cedae, se um vazamento em um tubo fosse capaz de causar um deslizamento de terra, as favelas do Rio iriam desabar, já que em todas elas são encontradas ligações clandestinas.

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